quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A Vida é o Melhor Argumento da Fé

“A incredulidade é impaciente. A fé ignora a pressa.”
Simon Vestdijk

É interessante o quanto nos esforçamos para convencer as pessoas de nossos pontos de vista. Distorcemos os fatos, manipulamos argumentos, fazemos discursos e inventamos punições, para aqueles que discordam, e premiações, para aqueles que aderem à nossa maneira de ver e interpretar o mundo. Mas a cada dia esse nosso jeito fica mais estranho e engraçado para mim. Pois, na verdade, a impressão que tenho é que fazemos isso como uma forma de manter a nossa relevância no contexto em que vivemos, ou, como um exercício de auto-convencimento.
Hoje entendo que a fé é. Ela é, para o cristão, natural e espontânea e se mostra respeitosa para com outras maneiras de existir, ser e crer. A fé alheia não se torna um obstáculo ao que creio, muito ao contrário, ela é afirmação do que creio e a demonstração cabal de que minhas escolhas irão me conduzir a uma realidade de vida diversa daquela admitida por aqueles que professam uma atitude de fé diferente.

Por esta razão, o seguidor de Cristo nunca é convidado a matar em nome de sua fé, mas sim, é chamado a crer, mesmo diante das ameaças de morte. Jesus me ensina por meio de Sua vida que se estou convicto, a convicção do outro não pode, definitivamente, me ameaçar e, portanto, não preciso aniquilá-lo, mas amá-lo e servi-lo.

A fé não força entrada, a fé verdadeira atrai. Assim é que percebo na vida de Cristo, Ele simplesmente atraía as pessoas à Sua presença. As multidões se admiravam de Sua autoridade, pois aquilo que falava e vivia fluíam de Seu ser. As pessoas estavam livres para permanecer ou não com Ele.

Vendo em Jesus tal procedimento, compreendo que a fé real nunca fará uso da manutenção da ignorância ou da manipulação das trevas, pois ela é luz, promove o entendimento e conduz o ser à plenitude.

Assim, tenho percebido que quando estou plenamente convicto de alguma coisa, simplesmente, vivo de acordo com o que acredito, não importando a opinião das outras pessoas, sejam ameaças ou elogios. Concordo com Joseph Campbell, quando ele disse que as pessoas se equivocam quando tentam persuadir os outros, na verdade, segundo ele, elas fariam melhor se revelassem “a radiância de sua própria descoberta”. Viver aquilo que acredito é revelação em sua forma mais intensa e completa. A vida é um fato incontestável diante da qual os argumentos e articulações sucumbem. Por esta razão, creio que a orientação do apóstolo Pedro aos primeiros cristãos é significativa quando disse: “mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação”.

Roberto Montechiari Werneck

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