terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Não Tenho Todas as Respostas


“Pregadores se equivocam, ele me disse, quando tentam 'persuadir pessoas à fé; fariam melhor se revelassem a radiância de sua própria descoberta’.”
(Bill Moyers citando Joseph Campbell)

O que me intriga é essa capacidade que as pessoas têm de saberem de tudo. Há gente que tem resposta para todas as questões da existência e receitas mágicas para todos os males do mundo, de espinhela caída ao aquecimento global. Pessoas que, definitivamente, se reconhecem como donos da verdade; inflam o peito, se assentam no trono do conhecimento e se colocam, inclusive, como conselheiros do próprio Deus.

Anexado a essa pretensa onisciência, encontro essas mesmas pessoas em um constante exercício neurótico na busca de sempre terem a razão. Gente que se tornou capaz de sacrificar amizades, destruir relacionamentos importantes e, mesmo, magoar pessoas que amam, simplesmente, em função de alcançarem a vitória em um debate, terem a última palavra numa discussão ou, ainda, estarem no total controle da situação.

Vendo essas pessoas, chego à conclusão de que cada dia sei menos. As perguntas se avolumam e as respostas são mais escassas. O mistério da vida tem se tornado tão grandioso para mim que me reconheço na imutável condição de um incipiente aprendiz. Porém, ao invés de me tornar ansioso e desesperado por estar nessa condição, silencio minha alma e me faço ouvinte atento das lições que os dias me trazem. Tenho consciência de que tenho muito a aprender. Portanto, me aquieto e busco estudar uma lição por vez. Permito-me, até mesmo, a ter tempo para conhecer as pessoas devagar, de maneira curiosa, ouvindo sem pressa suas histórias, seus dramas e suas alegrias. Fui levado a reconhecer que sou um principiante na arte de viver.

Hoje sei que sei tão pouco que me sinto inapto para receitar fórmulas de sucesso ou mesmo para prever o meu dia de amanhã. Desse modo, tenho tido a consciência de que posso somente manifestar amor e carinho para com as pessoas que estão próximas a mim e fazer desses momentos presentes um indicativo para as suas próprias soluções pessoais e relacionais. Hoje creio piamente que somente o amor pode dar clareza e real entendimento do sentido da vida.

Cansei-me de me desdobrar em argumentos e raciocínios no intuito de sempre ter razão. Agora posso enxergar que exauri grande parte das energias de minha mocidade tentando convencer as pessoas dos meus pontos de vista, ou fazê-las se dobrar diante de minhas teses. Hoje em dia eu sigo, eu vou, eu trilho o caminho de minhas simples descobertas e me permito me alegrar mesmo não tendo todas as respostas e me tornando mais conhecido do que conhecedor de Deus e do Filho do Seu amor.

Roberto Montechiari Werneck

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