quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Vencendo o Medo



“O que devo temer se não temo a morte?”
(Friedrich Schiller - Don Carlos)

O medo é um sentimento que só, raramente, pode ser associado a algo positivo. Normalmente, ele decorre de uma circunstância aversiva. Sendo o efeito colateral de uma experiência negativa em que fomos punidos ou que sofremos de alguma maneira. Com o passar do tempo ele vai se tornando um hábito defensivo frente ao mundo e suas moléstias, levando-nos a fugir ou a nos esquivarmos de circunstâncias que sinalizam uma penalidade. Portanto, sentimos medo e este serve como um alerta, uma forma do organismo se preparar para uma situação ameaçadora ou desconfortável presente ou possível.

Para algumas pessoas o medo se tornou uma maneira de ser e existir. Existem aqueles que vivem aprisionados por todas as fobias possíveis, das quais, a morte é a realidade mais temida. Estas pessoas, se deixaram enclausurar em suas rotinas, fecharam-se para todo o tipo de mudanças e se recusam a reconhecer que o completo controle é uma impossibilidade. Assim, a previsibilidade de suas vidas se tornou um fardo angustiante a ser carregado como imposição de seus temores.

Mas para algumas pessoas, o medo, gradualmente, tem se tornado como uma sombra, um vestígio, que vai se esquecendo, palmo a palmo, quando a luz de um novo dia começa a brilhar. Sim, há gente sobre as quais o medo perdeu sua eficácia e o seu poder dominador, ainda sentem medos pontuais, mas não vivem mais sob a tirania do pavor existencial. Essa mudança de sentimentos decorre de uma profunda avaliação da vida e seu significado.

Sabemos que o medo é capaz confundir nossos sentidos e fazer com que os problemas se tornem maiores do que são, além disso, hiperdimensiona as nossas fragilidades. Aqueles que o venceram, o venceram porque aprenderam a olhar as contingências sob uma nova perspectiva e hoje tem um olhar claro, partilham da verdade, pois receberam a revelação. Ser iluminado pela Verdade rompe com todas as mentiras que alimentam os medos de nossas almas, dissipa a ignorância que, normalmente, cerceia a vida das pessoas. Assim, para vencer o medo é preciso encarar a verdade, absorvê-la e entender as conseqüências de nossas escolhas pessoais.

Aqueles que venceram o medo, o venceram quando perceberam que nenhuma punição ou sofrimento pode usurpar aquilo que é realmente importante na sua existência. A questão nesse momento, é o que é importante na vida de uma pessoa. Se a razão da vida de alguém está nos seus bens ou nesta vida, com certeza, os medos irão se avolumar, visto que a incerteza e as perdas são a tônica deste mundo e da materialidade; se a razão da existência de uma pessoa está no seu status social, com certeza há o que temer, pois a glória desse mundo é efêmera e passageira. Porém, se o que realmente importa para alguém está além, firmado em Cristo no tempo eterno, onde ladrões não podem roubar, nem mesmo onda as traças venham a corroer, aí não haverá qualquer razão para qualquer tipo de medo.

A verdade é que se consideramos alguma coisa como realmente nossa, sempre haverá motivos para temer. Livres do medo são aqueles que realmente perderam tudo e que nada consideram de fato sua posse. Estes aprenderam o sentido da mansidão e encontraram descanso para suas almas. Neste momento vale considerar: Se nem eu mesmo me pertenço, qual poderia ser a razão de cultivar algum temor?

Roberto Montechiari Werneck

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