quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Allegro



“Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso;”
1 Pedro 1:8


Alegro ou Allegro é uma palavra italiana que significa “alegre”. Ela designa, musicalmente, um andamento leve e ligeiro, mais rápido que o alegreto e mais lento que o presto. A teoria musical, ao nomear este ritmo rápido e animado de alegro, cria uma legítima associação entre o termo, o fenômeno e o sentimento. Pois, a alegria em si, diz respeito à vitalidade, à existência pró-ativa e mobilizadora.

Existe, porém, um certo tipo de alegria que tem as suas raízes fincadas na realidade imediata. Quando assim ela se manifesta, se torna apenas um sentimento momentâneo que precisa que as circunstâncias exteriores sejam agradáveis e os ventos estejam soprando, favoravelmente. Esta alegria é, em si mesma, efêmera como o momento que passa e aqueles que a experimentam afirmam que o seu fim é tristeza. Sobre ela o sábio afirmou que “até no riso o coração sente dor e o fim da alegria é tristeza.” (Provérbios 14:13).

Há, ainda, a alegria que decorre de um investimento contínuo. Ela, nesse sentido, tem o caráter do mérito, ou seja, é o resultado de atitudes conscientes em que a pessoa recebe porque fez jus à sua recompensa. É um sentimento legítimo, mas mesmo assim, somente um sentimento, um efeito colateral de circunstâncias vivenciadas e transformadas pela intervenção pessoal. O salmista a chama de semeadura quando diz: “Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria.” (Salmos 126:5).

Estas manifestações do sentimento chamado alegria de forma alguma devem ser desconsideradas ou negligenciadas, muito ao contrário, precisamos aproveita-las como oportunidades de vida. Além disso, devemos investir, sabiamente, na existência de tal forma que a continuidade da alegria seja um fato constante.

Mas existe uma alegria que se faz sinônimo de felicidade, é aquela que tem a sua origem nas esferas eternas, naquilo que é transcendente. Ela independe dos momentos e está além do investimento pessoal, pois é fruto da fé e da graça de Deus. O salmista entendeu esta dádiva com o ritmo alegro quando afirmou: “Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho.” (Salmos 4:7). Esta alegria não é somente um sentimento, é uma maneira de ser frente à existência, frente a qualquer tipo de realidade. Ela foi chamada por Jesus de bem-aventurança e todos são convidados a interiorizá-la quando pela fé abraçam o reino dos céus.

Portanto, mais que alegria, devemos ser inundados pela felicidade que vem do alto, do Pai das Luzes em quem não há mudança nem sombra de variação (Tiago 1:17).

Roberto Montechiari Werneck

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