quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Perdas e Ganhos



“Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?”
Marcos 8:36

Perdas são uma realidade na vida de qualquer ser humano. Elas enfatizam a subtração involuntária que acontece, ou seja, a perda não é um abrir mão consciente, muito ao contrário, é sempre o sofrer um prejuízo.

Já perdi muitas coisas e, também, por descuido meu, perdi pessoas, relacionamentos, deixei de desfrutar de ocasiões especiais com gente que amo. Porém, estas e outras perdas só foram notadas quando ao vasculhar minhas memórias, ao reler minha história, percebi que algo precioso faltava.

Verdade é que, por causa disso, me tornei uma pessoa mais atenta, mais solícita. Sendo capaz de entender quando estou deixando de cuidar daquilo que me é valioso. Com as perdas aprendi a também discernir o supérfluo do essencial, o urgente daquilo que é prioritário. Pois, muitas vezes, me vi atendendo urgências neuróticas sem qualquer significado real ou mesmo importância e deixando as verdadeiras prioridades de minha vida de lado. Agora tenho sempre em mente que aquilo que é raro pode ser perdido e, por esta razão, sou levado a apreciar a sua excelência e importância, assim concordo com G. K. Chesterton quando disse que “a maneira de apreciarmos uma coisa é dizermos a nós próprios que a podemos perder”.

Tendo em vista as perdas sofridas, hoje em dia sou capaz de dizer não para as vítimas auto-piedosas e a encontrar espaço para que os verdadeiros amigos e pessoas amadas pudessem ter tempo para estar comigo e eu com elas. Amigos são uma das coisas mais preciosas que temos nessa vida, cuidar de uma amizade é tarefa das mais importantes que podemos empreender. Mas também, fazer de inimigos, amigos, é dos investimentos, o melhor. Não nascemos amigos de ninguém, construímos amizades em função de nosso investimento pessoal em um relacionamento e os perdemos quando os negligenciamos.

Tenho consciência que o tempo de minha vida é escasso, pouco, diante do muito que há para viver. Mas, além disso, sei que perdi muito tempo com rotinas e hábitos que não agregaram qualquer valor à minha existência. Quando olho para o tempo que passou, percebo que gastei tempo demais falando mal das pessoas e construindo uma imagem mentirosa no intuito de impressioná-las; gastei muito tempo polindo meu ego, assistindo porcarias na TV, ouvindo discursos soberbos e cheios de vaidade e, assim, por diante. Hoje, escolhi ser um mordomo fiel do meu tempo, rever meus hábitos e rotinas no intuito de viver de maneira mais intensa e conscienciosa os meus dias.

Mas, o bem mais precioso que possuo é a minha alma e não quero perdê-la. Perdê-la significa negligenciar Deus e Sua vontade; perdê-la significa viver imaginando que somente a existência terrena é a total existência para o ser. Anseio por Deus, pois Ele é quem me dá vida e, definitivamente, é Ele quem a emprenha de valor e significado. Não ter um relacionamento com o Senhor é a mesma coisa que perder a alma e ser imerso no inferno, que é, literalmente, a total ausência de Deus.

Perder não é uma escolha, mas cuidar, sim e, se cuido, evito a perda. Hoje zelo por minhas amizades e me esforço por fazer de inimigos, grandes amigos; esmero-me em investir meu tempo naquilo que trará o bem para os outros e crescimento para mim; dedico-me a Deus, pois Ele, e somente Ele, é de todos os meus tesouros, o mais valioso.

Roberto Montechiari Werneck

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