quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Memória Boa



“Quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana”.
Marguerite Yourcenar


Existem pessoas que marcam nossas vidas. Umas causam boas impressões, deixam suaves lembranças, muitas saudades; outras, ao contrário, deixam profundos estigmas negativos, nos selam com infelicidade, carimbando nossas almas com vestígios de sombra.

Graciliano Ramos, em seu livro Infância, desvela as memórias de sua meninice. Suas impressões descortinam uma história triste onde a solidão e o despotismo se fizeram presentes na relação do menino Graciliano e o mundo adulto. As suas memórias fizeram dele um homem descrente da humanidade, alguém que olhava o mundo com desconfiança. Este sentimento invade sua obra, se mostra na confecção de suas histórias e personagens.

Tendo em vista a história de Graciliano, posso perceber que há pessoas que durante suas existências tiveram a triste experiência de se relacionarem com pessoas difíceis. Sofreram o desrespeito e a violência, padeceram ingratidões e abusos e, por fim, o que são capazes de realizar vem a ser, simplesmente, o resultado desse mundo perverso.

No entanto, encontramos um tom diferente nas memórias do apóstolo Paulo, no que se refere às suas lembranças. Na Bíblia, em sua carta à igreja de Filipos, ele manifesta o gozo que sentia ao se lembrar dos irmãos, dos momentos, dos sorrisos nos lábios amigos, dos sonhos do Reino compartilhados. Quando revivia suas lembranças era envolvido por um tal sentimento de paz e saudade que o que podia fazer era agradecer a Deus por causa daqueles irmãos, por causa daqueles rostos amistosos que lhe saltavam à mente. Assim o apóstolo orava por eles, porque os retinha em seu coração.

Paulo nos diz, em sua carta aos Filipenses, que há gente boa no mundo, que é possível ter uma vida feliz se relacionando e vivendo em um mundo imperfeito. Vale ressaltar que aqueles que são alvo da consideração e aceitação alheias, que são tocados pelo amor e afeto, carregam em si uma vida diferente, uma postura de fé, um visão melhor sobre o futuro.

É então oportuno refletir sobre o que temos feito com a nossa história, com os momentos em que estamos juntos; precisamos pensar sobre quais as marcas que temos deixado impressas no coração dos nossos familiares e irmãos. Somos os pesadelos que sobressaltam as noites do menino Graciliano, ou o gosto sereno e feliz acalentado nas memórias de Paulo?

É possível marcar as pessoas que se encontram conosco com o nosso melhor. Podemos ser memória boa, edificante, que levam àqueles que amamos a dar graças a Deus por nos terem conhecido, por terem estado ao nosso lado, por terem ouvido a nossa voz e vivido um pouco da nossa história.

É possível!!!

Roberto Montechiari Werneck

Um comentário:

Anônimo disse...

è possivel sim marcarmos as pessoas com um posicionamento positivo. Creio que a sua melhor essencia é apreciada quando você usa de seu tempo para explanar os conhecimentos sobre Deus...Ele realmente te usa de maneira imensurável para alcaçar almas e corações. Nunca ocupe seus pensamentos com questoes que não levam ao crescimento...e use as pedras que os outros jogam em você para fazer o alicerce de sua fé em Cristo. Um gde abraço... Débora e Leco