Longe de Deus

Outro dia uma pessoa amiga disse a meu respeito que eu estava longe de Deus. Fiquei intrigado com a afirmação e me dispus a pensar sobre ela. Primeiramente, considerei se essa era uma alternativa para quem O conhecia? Além disso, se seria coerente alguém estar longe de Deus e ao mesmo tempo desejá-lo? Mas também, seria possível estar longe de Deus quando o coração não se esconde Dele, quando Ele passeia pelo jardim e o ser está escancarado, mesmo que deficiente, esperando por Ele?

Tenho comigo que Deus em Cristo reformulou todo conceito de proximidade. Antes proximidade de Deus significava ascender aos céus, agora, significa que Deus está entre nós; antes para se achegar ao Altíssimo, havia a necessidade de entrar no Templo, ser mediado pela estrutura organizacional e esperar que um sumo-sacerdote entrasse no Santo dos santos em nosso lugar; hoje o véu está rasgado e Deus está solto no mundo, Deus está liberto e caminha pelas veredas, pelas vilas, anda por sobre o mar, sobe a montanha, vai ao sacrifício no nosso lugar.

Talvez, eu esteja meio desconectado de alguns rituais, de algumas de nossas neuroses coletivas; pode ser que eu me pareça um pouco mais com um bicho-grilo ou com os considerados loucos nesse momento de minha vida; talvez eu seja mesmo um estranho no ninho dos templos e da religião. Mas sei que Deus não se afastou de mim e nem eu posso me afastar Dele, pois como viveria minha alma longe da fonte de tudo que desejo? Como posso me esconder de meu Amado?

Ele passeia pelo meu jardim e eu estou ansioso pela Sua presença, estou nu esperando pelas suas vestes, meus olhos estão secos esperando pelo colírio de Sua vontade, sem nada nas mãos a oferecer a não ser meu coração pecador.

Roberto Montechiari Werneck