quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Imagem e Semelhança



É interessante como os nossos filhos nos surpreendem com questões que se tornam contundentes afirmações.

Em certo dia estava eu compenetrado em meus estudos quando de repente ouvi os pequenos passos de Arthur que acabara de entrar em meu escritório. Por essa época devia ele ter por volta de dois anos de idade. Após me chamar, perguntou-me:

- Papai, quando a gente ama a gente fica parecido?
Depois de ouvi-lo e ser surpreendido pelas suas palavras, somente pude transformar a sua pergunta em uma declaração:

- É, filho, quando a gente ama a gente fica parecido!

Após ele voltar ao seu cotidiano de infância e brincadeiras, fiquei a considerar a idéia que ele havia me concedido. Pus-me então a pensar sobre os aspectos inerentes à realidade do amor na vida de uma pessoa e cheguei a algumas considerações que exponho abaixo.

O amor que eu digo possuir faz-me mais próximo e coerente com o ser amado. Com o tempo a afeição que dedicamos a alguém nos faz absorver seus hábitos e maneira de interpretar a vida. Amar portanto é um evento cirúrgico na plástica da alma e da vida. O amor vivenciado é transformador. O amor sempre modifica a vida.

Tendo isto em mente, vale notar também que quando afirmo o meu amor a Deus, tornar-me-ei mais parecido com Ele, mais semelhante à Sua expressa imagem em Jesus Cristo. Dessa forma, posso entender o porquê da exortação bíblica: “Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” (1 João 2:15). Se vier a amar o mundo, mais parecido com ele serei, todavia se vier a devotar o meu amor ao Pai, me tornarei semelhante a Ele.

O amor expresso atrai o ser amado e o conquista, pois evidencia o bem que se está disposto a conceder. O amor nunca aprisiona, mas, com certeza, atrai. Ele é ato que fascina e encanta a alma, é bondade evidente que seduz. Quando afirmo meu amor por uma pessoa, estou declarando a minha disposição de agir com bondade e cuidado para com ela.

Assim Deus também afirma ser o Seu amor por nós. O profeta Jeremias enfatizou que o amor de Deus não era circunstancial, mas eterno e que era repleto de bondade, deste modo, disse o profeta: “De longe o Senhor me apareceu, dizendo: Pois que com amor eterno te amei, também com benignidade te atraí.” (Jeremias 31:3).

O amor testifica a respeito de si. Quando vemos pessoas que se amam, podemos saber sobre este amor ao observarmos os gestos e peculiaridades que envolvem determinado relacionamento. O amor é um testemunho sobre a vida daqueles que amam.

Jesus afirma esta verdade ao falar aos Seus discípulos sobre como eles seriam reconhecidos pelos outros. O amor, segundo Ele, seria o ponto de identificação. Os Seus discípulos seriam conhecidos pelo amor manifesto de uns para com os outros. O amor me identifica a Cristo e àqueles que O seguem.

Não tinha muita noção que aprenderia alguma coisa com uma criança, mas pude aprender um pouco mais sobre o amor quando os olhos infantis de meu filho perceberam algo que fugia à minha percepção.

Roberto Montechiari Werneck

Nenhum comentário: