terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Escolhi Ser Eu Mesmo

“Seja o que você é. Esse é o primeiro passo
para se tornar melhor do que você é.” (A.W. Hare)

A escritora norte-americana Anne Morrow Lindbergh escreveu que: “A coisa mais cansativa na vida é não ser autêntico”. Tenho que concordar com ela. Às vezes, fico observando o grande esforço que as pessoas fazem para dissimular o que são. Escondem suas opiniões, fingem amizades, negam os seus erros, ocultam suas faces atrás do espesso véu das cordialidades sociais e sucumbem sob o peso das mil fantasias. Passo a passo, se perdem de si e vivem uma vida que não lhes pertence, não lhes agrada e nem lhes concede paz.

Observando isso, fiz uma opção a muito tempo atrás: escolhi ser eu mesmo. Percebi que não poderia ser mais ninguém e, depois, compreendi que não queria ser mais ninguém além de mim.

A opção de ser eu mesmo, fez com que eu viesse a olhar minha face no espelho, viesse a rever minha alma e a me perceber no mundo. Sofri com esse encontro. Pude notar claramente as minhas fragilidades, inseguranças, medos e erros. Mas, posteriormente, me alegrei, pois reconheci em mim um alguém peculiar, diferente, um indivíduo livre para Ser.

Nesse processo, aprendi a não ter mais receio de reconhecer minhas iniqüidades e fracassos. Também, não tive mais a pretensão de me saber perfeito. Muito ao contrário, assumi que as minhas falhas eram minhas e cessei de procurar desculpas ou culpados pelos deslizes de minha história. Reconheci meus pecados e busquei perdão.

Simultaneamente, parei também de me responsabilizar pelos erros das outras pessoas. Permiti que elas pudessem se encontrar com as conseqüências de seus próprios atos e com a sua auto-imagem. Tomei a decisão de deixá-las crescer.

Além disso, descobri que poderia resistir às convenções e me opor aos hábitos, conceitos, às perversões sociais e existenciais. Aprendi a meu respeito que não gosto de rir das deficiências alheias, nem zombar do fracasso de meu próximo e não creio que os fins justificam os meios. Aprender a ser quem sou, me fez gostar de viver.

Sei que a autenticidade atrai a uns e incomoda a outros. Ela encanta e repele. Ao tomar a decisão de ser eu mesmo e de proclamar meus conceitos e valores, pude distinguir as verdadeiras amizades das confrarias de conveniência. A minha autenticidade se tornou espelho para o outro e, muitas vezes, o outro não gostou do que viu. Hoje sei que a opção de Ser se transforma sempre em uma denúncia à falta de integridade e à hipocrisia alheia. Por essa razão, ela promove a ira e o ódio, e normalmente, conduz à cruz. Talvez esse seja o grande desafio da autenticidade em nossa aldeia global, ou seja, à semelhança de Cristo, quando assumimos definitivamente nossa identidade, caminhamos rumo ao Calvário.

Roberto Montechiari Werneck

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