terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Tanto Creio quanto Descreio

“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.”
Hebreus 11:1

Sou um crente um tanto cético. Como disse um grande amigo meu, que se diz ateu, sou um verdadeiro sinal do final dos tempos, um paradoxo. Mas essa é hoje a minha condição. Sou capaz de crer e descrer ao mesmo tempo. Penso que isso pode ser chamado de discernimento. Creio em verdades espirituais, creio em Deus e deposito minha confiança Nele, creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus que veio em carne para desfazer as obras do diabo, creio na presença e ação do Espírito Santo de Deus nesse mundo de maneira histórica e contemporânea. Todavia, não consigo crer no que estão fazendo por aí em nome de Deus. Não consigo crer nessa proliferação de milagres que podem ser alcançados por um valor monetário, pela oferta certa; definitivamente não creio que comportamentos esquizofrênicos tenham algo a ver com a manifestação de Deus; nem mesmo, posso crer que seja necessário silenciar a razão e se tornar um ignorante para se ter acesso ao Eterno; não creio em magia, não creio em mandingas e em bruxaria, não creio que uma pessoa saudável possa ter medo de passar debaixo de uma escada, ou fique preocupada com a sexta-feira treze que se aproxima.

Chego ainda à conclusão que também não estou disposto a crer em tudo o que é prescrito pelo mito da ciência. Há aqueles que se agarram à concepção de progresso contínuo e melhora do mundo, unicamente, decorrente do desenvolvimento tecnológico e científico. A verdade é que a ciência, como muitos a designam, não existe, ela é um mito para explicar a ótica e moralidade de nossa sociedade materialista. No máximo o que existe, são pessoas se aplicando a conhecer um fragmento daquilo que chamamos de universo sob a regência de regras específicas que foram convencionadas. Assim, creio em algumas colocações e propostas ditas científicas, bem como, fico feliz com o desenvolvimento técnico e com as melhorias sociais produzidas pelos cientistas. Mas não acredito que laboratórios possam produzir verdades e, também, não estou disposto a me submeter ao sacerdócio dos doutores. Na minha consideração, concordando com o filósofo da ciência Carl Popper, toda ciência é fruto do desejo do cientista, ele elege e elimina variáveis no intuito de produzir uma conclusão específica.

Por essa razão, por causa desse meu ceticismo cheio de fé, tanto sou olhado com certa desconfiança por aqueles que têm uma fé imensa em tudo, como também por aqueles que descrêem de tudo que não pode ser verificado pelas rígidas leis da ciência positivista. Porém, insisto em manter essa postura, mesmo que, para maioria das pessoas eu seja um inadequado por não poder ser enquadrado em nenhuma categoria.

Com o tempo também parei de tentar convencer as pessoas do meu ponto de vista por meio de argumentos e debates. Hoje, simplesmente, compartilho o meu encantamento com a Revelação de Deus e com as minhas descobertas e conclusões existenciais. Alguns podem crer em minhas palavras, outros, com certeza, a rejeitarão, mas eu estou em paz.

Roberto Montechiari Werneck

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