terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Face a Face

“Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.”
1 Coríntios 13:12

Há aqueles que querem descobrir os enigmas do universo, eu gostaria de saber o que vai na privacidade do ser das pessoas. Penso que aí estão os verdadeiros mistérios de nossa existência. Para mim as pessoas são um grande mistério. Gostaria de entendê-las, sair da superficialidade que as circunstâncias me proporcionam e descobrir o que há de verdade sob o espesso verniz das adequações e convenções sociais. Às vezes, consigo perceber sinais de angústias e dores antigas escondidas nos olhos daqueles que contam suas piadas, em outros momentos, quase posso ouvir sorrisos infantis disfarçados sob a seriedade dos ternos dos senhores sérios. São sinais esquivos que podem ser captados, mas logo se perdem no decorrer das exigências do momento.

Esse meu desejo, porém, não tem em si a marca da curiosidade doentia, nem mesmo é um desejo que visa conhecer para dominar. Muito ao contrário, gostaria de saber quem realmente são as pessoas e entendê-las para que pudesse encontrar respostas sobre mim e compreender quem sou. Pois só no encontro real com o outro é que tenho condições de me enxergar e perceber o verdadeiro significado dos meus gestos e afetos.

Gostaria de ouvir os segredos e desejos mais profundos daqueles que me são próximos para que pudesse servi-los mais adequadamente. Já houve ocasiões que tentei ajudar e servir algumas pessoas e como resultado, as prejudiquei e danifiquei meu relacionamento com elas. Simplesmente, porque não pude decifrar e entender quais eram os seus reais anseios e necessidades.

Queria enxergar quem realmente são as pessoas para que pudesse ser mais justo. Tenho que confessar que muitas vezes julguei e, ainda, julgo pela aparência, pela casca, pela exterioridade. E nesse julgamento sou injusto e severo para com aqueles que não se encaixam dentro de minhas expectativas e para com aqueles que são estereotipicamente diferentes daquilo que considero socialmente adequado.

Gostaria de conhecer a alma das pessoas, a totalidade de seu ser para a vida fosse mais simples. Às vezes, percebo que complico demais as coisas e vejo que as outras pessoas também. Há mistérios demais, máscaras demais, mentiras demais e com isso vamos nos escondendo um pouco mais, representando um pouco mais, mentindo um pouco mais. Como seria bom se simplesmente pudéssemos usar nossas verdadeiras faces e ser quem realmente somos.

Creio que esse meu desejo vai ter que esperar um pouco para ser realizado, mas com certeza o será. Hoje ainda existem muitos enigmas e mistérios, ainda vejo por espelho, mas estou indo para um lugar em que tudo será descoberto e desvendado, verei face a face tanto meu Criador quanto as pessoas, não precisaremos mais de máscaras ou disfarces. Conhecerei plenamente e também serei conhecido.

Roberto Montechiari Werneck

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