segunda-feira, 23 de março de 2009

Meu céu ou o céu de Deus?

Ficamos a vida toda programando momentos. Grande parte de nossa existência é na expectativa e na preparação de oásis temporais de satisfação e alegria que não permanecem, não podem permanecer e nem tem esse objetivo. Pois pela falibilidade de nossas construções humanas estes momentos se mostram insustentáveis e, por fim, tediosos. Desta forma, somos conduzidos novamente ao mundo do todo-o-dia, na ânsia de construirmos novos e melhores períodos de festa, de carnaval, de férias, de vida. Essa rotina constante que visa preparar ocasiões específicas e espaçadas deixa um gosto amargo e provoca uma ininterrupta insatisfação no coração humano.

Creio que a partir desse posicionamento habitual dos seres humanos, das reflexões decorrentes e dos sentimentos conseqüentes, surgem conceitos, teorias e teologias que buscam compreender a realidade espiritual do homem. Com o pressuposto da insatisfação e do agir humano como sempre necessário à elaboração da realidade, as pessoas concebem o melhor como resultado único e exclusivo do que são, do que fazem, do que serão e poderão fazer. Assim, para alguns, aquilo em que é investido a vida é a sua expectativa eterna, seu paraíso construído, em outras palavras, as suas boas obras são a sua construção do céu. Os gurus, ou mesmo, Jesus, de acordo com essa visão, se mostram apenas como exemplos condutores. Aqui, na verdade, não há um Salvador, não há Cristo, pois a eternidade é edificada pela rotina dos homens e sobre ela. O céu seria o melhor que o homem pode fazer. Aqui seria oportuno dizer que o inferno é o céu que os homens constroem.

Porém, existe uma outra possibilidade de entender a vida e a realidade espiritual. Sabemos que não existe ação humana que perdure por si e produza bens duradouros e unicamente positivos. Sempre há um limite, sempre há um porém. Quando nos deparamos com a mensagem da graça de Deus em Cristo percebemos que a vida pode e deve seguir um caminho diferenciado. Pois, de acordo com a perspectiva da graça, Cristo é quem faz da realidade uma experiência viva e, também, é quem constrói a eternidade, à qual aqueles que depositaram a sua fé Nele serão convidados a desfrutar. Nessa perspectiva, Cristo é o Salvador, aquele que resgata o perdido e o conduz seguro em Suas mãos a uma outra realidade que não foi nem mesmo concebida pelo coração humano, vista por seus olhos ou ouvida pelos seus ouvidos. O céu é uma surpresa para os perdidos.

Na religião, seja qual for ela, o homem vive por si e edifica a sua realidade eterna. O que o espera é o seu melhor, seus desejos, suas imprecações, vícios, devaneios e angústias. O que o espera é um fogo que não se apaga e o verme que não morre nunca.

Já em Cristo e no evangelho da graça de Deus, o céu é o melhor que Deus pode fazer pelo homem e a eternidade é o testemunho da eficiência de um Deus que é capaz de proporcionar uma segurança permanente e supra-satisfatória para aqueles que o amam. Assim, o céu não é uma conquista humana, muito ao contrário, é resultado da desistência do homem de confiar em si e o seu depósito de confiança no melhor de Deus.

Diante desse fato fica uma questão em pauta: Desejaremos edificar o nosso próprio céu e eternidade ou deixaremos que Deus o construa para nós em Cristo?

Roberto Montechiari Werneck

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